terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Mapa da mina

Pesquisa mostra que os empresários brasileiros ainda desconhecem o potencial de vendas do e-commerce. Para quem apostou na ferramenta, os lucros foram altos em 2009

Da Redação

A cultura do chamado e-commerce ainda engatinha no Brasil. Apesar de 66% das empresas do país manterem uma página eletrônica ativa na rede, são poucos os que exploram a internet para vendas. Um estudo da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) revelou que, do total de empresários que afirmaram ter site do negócio, 36% não implementaram o recurso para comercializar seus produtos. Quase metade dos consultados na pesquisa — 46% — entendem que não há a necessidade de usar a ferramenta. Outros 13% disseram que não trabalhavam com o canal de vendas por falta de conhecimento do assunto.

Trabalhar com o serviço de e-commerce, de fato, não é uma tarefa simples. O processo inicial requer planejamento detalhado de estrutura e necessidades da empresa. Além disso, a ferramenta demanda um sistema de logística complexo, que garanta a eficiência das entregas. Outro fator primordial é a segurança para que os dados de usuários possam ser fornecidos, e os pagamentos, realizados sem qualquer empecilho. Por outro lado, o comércio eletrônico proporciona mais uma oportunidade para a empresa lucrar. Esse recurso é um novo ponto de vendas que, muitas vezes, transforma-se no mais rentável da marca.

Um dado curioso que chama a atenção no estudo divulgado pela ACSP aponta que 76% das grandes empresas, teoricamente mais bem estruturadas, não têm o serviço de e-commerce para vender seus produtos e não utilizam a ferramenta para comprar de fornecedores. Enquanto isso, as pequenas empresas despontam como empreendedoras virtuais. São elas as que mais usam o recurso, com 46% do total. Em seguida, no ranking das empresas que são adeptas do e-commerce, estão as médias, com 38%, e as micros, com 34%.

“Interessante quando analisamos que micros, pequenas e médias empresas possuem um percentual acima das grandes empresas na realização de compras ou vendas online. Isso demonstra que esses empresários estão mais atentos às novas ferramentas e às oportunidades de expansão de seus empreendimentos. Porém, mesmo entre esses empreendedores, o índice daqueles que utilizam esse recurso é muito baixo”, pontua, em trecho do estudo, a especialista em estratégias digitais e superintendente de Marketing da ACSP, Sandra Turchi.

Planejamento

Fausto Freire é consultor em e-commerce e explica que o principal entrave para a implementação das vendas online é a logística. De acordo com ele, é necessária uma análise detalhada de como todo o processo funcionaria para cada produto. Alguns dos itens vendidos podem ser enviados pelo correio, o que facilita para a empresa. No entanto, outros dependem de armazenamento especial e precisam de transportes específicos para serem entregues. Freire também alerta para a qualidade da página eletrônica, que deve ser atrativa para os internautas.

“Grande parte das empresas montou o site durante a popularização da internet, quando a rede ainda oferecia poucas opções de interatividade e a página funcionava mais como um cartão de visitas. Com a evolução da web, o e-commerce ganhou força. Um bom e-commerce deve oferecer uma vitrine para a avaliação dos produtos, uma ferramenta para que os clientes possam tirar dúvidas, uma logística bem organizada capaz de manter o bom funcionamento da loja virtual e a boa segurança, para deixar o consumidor tranquilo na hora de realizar o pagamento”, afirma Freire. Ele diz, ainda, que o investimento, dependendo da complexidade do processo, pode ser altíssimo. Porém, em alguns casos, é possível instalar um sistema de vendas online por R$ 10 mil.

Quem apostou no e-commerce não se arrependeu. O sucesso do comércio eletrônico é latente no Brasil. Um exemplo disso é que foram batidos recordes de vendas no Natal de 2009. O segmento foi responsável por movimentar, entre 15 de novembro de 24 de dezembro, R$ 1,6 bilhão. A quantia é 28% maior que o obtido em 2008, na mesma época (R$ 1,2 bilhão). Desta vez, a grande vedete ficou por conta dos livros. Os eletrodomésticos também tiveram boa saída, principalmente por causa da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).

Ganhando mercado

O Grupo Educacional Alub resolveu investir no e-commerce no ano passado. A procura por cursos era muito alta e não atendia a demanda. A solução foi comercializar aulas ao vivo pela rede mundial de computadores. Assim, a página eletrônica da empresa, que funciona desde 2001, vai oferecer o serviço a partir de janeiro. “Nós temos um serviço de alcance nacional, e a estrutura física não comporta o número de pedidos. Então, o comércio eletrônico foi uma saída que, apesar do custo inicial alto, mostrou-se viável e vantajosa, porque agrega outros valores à nossa marca e facilita a vida do estudante”, acredita Alexandre Crispi, diretor da instituição de ensino.

O alto custo é, de fato, um grande problema enfrentado, especialmente, para os donos de empresas menores. Cléber Teixeira, proprietário da rede de restaurantes Brasil Vexado, alega que o empreendimento ainda não aderiu ao e-commerce por questões financeiras. A marca trabalha com entregas de pedidos feitos por telefone, mas a integração com a internet é difícil e cara. “É complicado, porque trabalho com produtos perecíveis, e o serviço precisa ter uma sincronia afinada para que o cliente não espere a comida por muito tempo. Pesquisei e sei que vale a pena investir no comércio eletrônico porque ele pode aumentar as vendas em até 10%. Para isso, a credibilidade é essencial”, ressalta.

O consultor em e-commerce Fausto Freire corrobora a ideia de Teixeira. Para ele, o sucesso da empresa na rede mundial de computadores é proporcional à credibilidade da marca. Freire destaca, também, que não adianta apenas uma página eletrônica atrativa, se não houver uma análise estrutural e um projeto que passe confiança ao internauta. “Eu insisto em um planejamento bem feito porque o e-commerce é uma ferramenta muito importante para a empresa, mas que, para funcionar bem, precisa de um projeto consistente”, conclui.

"Apesar do custo inicial alto, o comércio eletrônico é viável e vantajoso, e agrega valores à nossa marca"

Alexandre Crispi, diretor do Alub.

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http://asn.interjornal.com.br/noticia.kmf?noticia=9358896&canal=36

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